sexta-feira, 1 de julho de 2011

Saga de Guy - Cap 3

(parêntesis para falar sobre Ruben)
A dinda, muito inclinada a prestar apoio ao picolo, ofereceu levá-lo a Ruben, um terapeuta que ela está freqüentando, também em sua infindável busca pela cura. Era noite, tipo umas oito horas, Guy chegou dormindo, ainda bem. Ruben fez uma pequena entrevista e partiu para examiná-lo.  Examinar seu campo energético. Ele colocava a mão sobre a cabeça de Guy, sem tocá-la. Alguns minutos passaram, levantou a cabeça em minha direção. Seus olhos estavam vermelhos e molhados. Tocado pela notícia que me daria a seguir. Falou pausadamente. Entre uma frase e outra, pausa para tomar fôlego e para certificar-se do que falava, sentindo Guy mais um pouquinho.
Seu filho tem uma lesão no cérebro. Uma do lado direito, outra do lado esquerdo. Ele vai ter um retardo no crescimento.  Quando ele tiver dez anos, terá idade mental de cinco. A parte direita do cérebro está menos danificada. Isso significa que ele é uma pessoa que tem muita sensibilidade na natureza. Ele se sente bem na natureza, ele se comunica melhor com os elementos da natureza do que com as pessoas.
Eu estou tentando fazer a conexão do seu campo energético com seu campo físico, mas não estou conseguindo. Deixa tentar explicar, é como se nosso cérebro fosse feito de eletricidade. Em uma pessoa normal (não entendo esta palavra) é como se visse uma cidade de cima, com todas as lâmpadas acesas. Guy tem alguns pontos escuros, desligados. Nestes pontos não há conexão entre o campo energético e o campo físico. Eu estou tentando forçar uma ligação, mas não estou obtendo sucesso. Seria bom se você fizesse uma tomografia (já estava marcada) para verificar o tamanho desta lesão, mas de qualquer forma seu filho terá um retardo importante no crescimento. Nós podemos trabalhar Guy no campo energético para ajudá-lo, mas o tamanho da lesão vai nos dizer a extensão do sucesso da terapia. Ou seja, se a lesão for pequena, a coisa está mais no campo energético do que físico, e a terapia funcionaria bem. Se a lesão for grande, a terapia será limitada.
Imagina eu e a Bocão na frente dele, ouvindo tudo isso. As lágrimas rolando bochecha abaixo, minha comadre segurando firme em minha mão.
Rubem faz uma pausa maior em sua explicação, enquanto continua examinando Guy. A próxima palavra que ele diz é: que interessante! E continua examinando
De repente está tudo ligado! Preciso tomar uma água - disse Ruben e sentou-se. Ele puxou toda minha energia. Eu nunca vi isso. É como se as lâmpadas estivessem todas ligadas, a conexão perfeita entre energético e físico, eu nunca vi isso. Demoraria anos pra alcançarmos este resultado.
Totalmente leigas e ansiosas, eu e Revi debruçamos duas dúzias de perguntas pra poder entender, ao que ele sempre respondia Eu não sei. Nunca vi isso. Trabalho com isso há mais de dez anos, inclusive fazendo atendimento social com crianças, mas nunca vi isso. Se eu examinasse ele agora, diria que é um menino absolutamente normal.
Ruben estava desconcertado. Pediu pra que retornássemos quando tivéssemos em mãos o laudo da tomografia.
Guy do jeito que chegou dormindo, saiu dormindo. Eu e Revi, um misto de sentimentos contraditórios. Preocupadas com o ‘laudo’ inicial, e felizes com o resultado final, como se entre um sentimento e outro tivesse passado dez anos. Eu saí rindo e chorando ao mesmo tempo. O riso era de nervoso, e a lágrima, de alegria.
Fomos pra casa dela, conectar. Tomamos um vinho, desabafamos um pouco, rimos um pouco. Guy ficou ali, brincando sozinho com um terço indiano por quase duas horas.
(fecha parêntesis)



aqui meus primos paulistas




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