terça-feira, 23 de agosto de 2011

Quedi mamãe?

Cheguei em Salvador depois de quinze dias sem ver Guy. Quando abriu a porta, no colo do pai, Guy fez cara de medo, chorou e se enrolou no pescoço de Breno. Não quis vir com a mamãe. Parecia estar dizendo "Pô, num vem não sua bruxa,me deixou aqui e sumiu".
Tentei mais um pouquinho sua atenção com musiquinhas e tal, mas mal acabava a musica, ele corria de mim. Até que deitei na cama. Ele veio se chegando, se chegando, subiu na cama,e começou a se enrolar em mim como uma sucuri com um bezerro no bucho.
Ficou um tempão assim fazendo carinho em mim....
que gostoso!!!
Guy está muito bem, respondendo bem ao primeiro mês de terapia intensiva (desculpe o trocadilho), mais ligado.
Descobri que na escola ele como bananas em rodelas, vejam só. E mais, guarda os brinquedos....olha que kanalhinha!!!
***
A, notícia boa,
depois de ter amargado umas semanas de peso na consciência por ter recusado um hambúrguer do Mac pra Guy (levei ele no cinema, ao lada havia um Mc Donald's. Eu tinha comprado pipocas que ele adora, mas ele nem ligou,avançou no hambúrguer de duas pessoas. Eu saí arrastando ele envergonhada e não dei)
Enfim, de volta a 'babí', levei Guy pra almoçar no Mac. Eu pedi um Iogurte com frutas (delícia), e pra ele um Mc Lanche Feliz. Na primeira mastigada, Guy cuspiu tudo com cara de nojo, nem a batata não quis. Atacou meu Iogurte. E eu fiquei de comer o fedorentão.
Aí Guy, representou hein!!!! Parabéns pelo bom gôsto meu filho.

***
Sabadão curti um Jazz no Solar do Unhão. Musica boníssima a beira da Baía de Todos os Santos. Guy também adorou  (fora querer se jogar no mar).
Ai foi ótimo...existe vida na cultura de Salvador.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Vou te contar uma história: Era uma vez...Salvador

Eu num tava lá, mas dizem que Guy aprendeu a nadar segurando este espagueti aí, e que se divertiu muito e também aproveitou pra dormir muito.
To com muita saudade, mas lutando aqui pra preparar seu retorno.
Salvador, não dá pé. 
Não vou curar meu filho num lugar onde as pessoas tradicionalmente adoecem. 
Aos poucos vou descobrindo que aqui tem tudo o que ele precisa.
Vou te contar uma história: Era uma vez...Salvador











Dia dos pais na casa do vovo em PF

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Quêdi bichinho?

Acordei cedo e fiquei longos segundos procurando minha cria.
Cadê Guy meudeusdocéu? Se ele não tá aqui, ta aonde?
Estranho, vazio, triste, saudade

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Quero idéias

Levei a resso pra T.O. da equo ver.
Marília explicou que sim, é na área de Brocah, e que pelo que ela estava acostumada a ver, era uma lesão muito pequena.
Disso eu sei, por isso Guy, 'só' não fala. Se fosse maior, estaria como as outras crianças que frequentam a equo.  Com disfunções muitissimos mais  graves que do meu pequeno.
Eu perguntei se essa lesão poderia levar Guy a um dificuldade no aprendizado - meu maior pânico. Porque Guy não aprende quase nada. Marília acha que é mais por causa da falta de atenção dele.

Sim, é isso. Parece que Guy não quer se comunicar. Não quer te ouvir, não quer te olhar. É como se por gôsto, ele não gostasse de companhias
Guy come com a mão direita e com a esquerda (mesmo com aquelas colheres tortinhas de comer com a direita)
Ele bebe água sozinho. Chega na escola e bate na porta com o punho cerrado, tipo 'tem alguem aí?'.
É pouco? É pouquíssimo, mas quer dizer que ele tem capacidade de aprender.
Então a palavra mágica é 'atenção'. Temos que descobrir como puxar a atenção dele. Os espaços vazios -  ou seja, quando não tem ninguém interagindo com ele - é como se fosse (vamos dizer numa linguagem religiosa) é como se deixasse o demônio entrar e se instalar.
Uma das chaves que desencadeiam o ócio no Guy é a mão (acho que mais a direita) pois ele tem um flapping, um movimento repetitivo -a exemplo dos sintomáticos e casos de autismo - balançado a mão para cima e para baixo. Ele fixa os olhos neste movimento e não quer dar atenção a mais nada. Isso quando ele não encontra algum objeto para protagonizar este evento, na maioria dos casos, alguma coisa com cordinha, fio, penduricalho. Pedras e brinquedos de pecinhas também ajudam a mergulhar no ócio, assim como a água.
Nós - pai, mãe, tios, faxineira, professora etc...nos empenhamos em sumir com todos esses brinquedos ou objetos 'autísticos'. Tratamento de adictos. Ao mesmo tempo que tentamos chamar a atenção dele pra outras coisas. E a pergunta que se segue é: como?
Quando tiramos tudo, ele teima em voltar pra mão.
Está sendo difícil chamar atenção de Guy. Estou tentando pensar em algumas táticas, e gostaria que pudessem me dar idéias:
1a - engessar a mão dele por alguns dias (sério)
2a - um filhotinho de cachorro pra ficar enchendo o saco dele
3a - escola em tempo integral
4a- adotar uma criança
5a- produzir uma criança (isso, um irmão)

***
Ontem cheguei na escola pra buscar Guy, estava meia hora atrasada. Só estava Guy e Mamá, uma negra liiiiinda, deitados no colchãozinho. Guy estava no maior rala e rola com Mamá, se enroscando nela. Ela, só de sainha, adoraaaaaaaaando.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Minhas parentas queridas

Ontem, era quase meia noite, estava assistindo a um filme de Stanley Kubrik, o telefone tocou. Guy já estava dormindo, a compressa de argila tentando curá-lo e sujando o lençóis. Olhei no telefone, quem ligava era de um numero grande, esquisito. Quase que não atendo, pois não queria acordar o Guy. Uma preguiiiiiiça....
Atendi.
Do outro lado, a voz masculinizada inconfundível de minha irmã de ventos Mafer.
Eu disse, nossa que lonjura...
E foi assim, com um telefonema, que Mafer restabeleceu comigo um contato que estava tão exíguo. Explica-se pois minha amiga mora lá pros lados da Colômbia, fica mais na floresta do que na selva (entendeu?) e muito incomunicável.
É que eu mandei uma mensagem pra ela, as vésperas de ela embarcar para uma viagem de cerca de dois meses. Na mensagem, pedi pra ela encontrar um xamã, pra eu poder visitar, e buscar alguma cura para Guy (E para mim também. O meu Mestre Lucas aprendiz de bruxo disse que se eu quisesse curar Guy, teria que curar a mim primeiro).
Esperava uma mensagem no face, e eis que ela me liga, de lá de Letícia.

parêntesis pra evidenciar a importância que os amigos tem em nossas vidas

Ela, e algumas daquelas que foram minhas companheiras de aventuras e baladas, e alegrais e risadas, continuam fieis escudeiras.
A vida anda, agente deixa de ser adolescente, e quando a vida começa a bater na gente, ficam aquelas que são parentes mesmo.
Pois é o que dizem né, amigos são os parentes que escolhemos.
E eu, que achava que já tinha apanhado muito da vida, descobri que foi tudo um leve afago, perto da peia que to tomando agora.
Mafer veio somar forças com a dinda, Bocão, Evelin, como queiram....que está comigo em pensamento e coração, tentando me acalmar e me fazer olhar o copo meio cheio. Assim também me presta seu serviço minha caríssima cunhada, de quem o filho sou a dinda eu.
Pois, joguei no peito de Mafer, a missão de me levar a um xamã. A viagem para qual está partindo vai percorrer um povo super-xamanico (no dizer dela). Ela parte hoje e me ligou ontem pra me dizer que estaremos em seu pensamento durante toda a viagem. Me ouviu desabafando, mandou eu chorar mesmo e deixar a dor doer. E disse pra eu ir me preparando pra ir visitar a sua casa. Preparada já estou, só preciso me organizar pra levar Guy.
Obrigada Mafer, por ser minha também. E por encarar com bravura a missão que lhe confiei.
Obrigada Bocão, por ser minha também.
Obrigada Lu, por ser minha também.
(enquanto pensava neste post, recebi uma calorosa mensagem da Su, tão tão distante, que nem sabe da missa metade, mas fez-me feliz por saber que é minha também)
Obrigada Su, por ser minha também.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Jaqueline Kenedy sou eu

Dia desses acordei no meio da noite com uma imagem na cabeça
Era aquela cena antológica de JFK levando um tiro nos miolos, e Jak debruçando sobre o capô do carro na tentativa de resgatar os tais miolos.
Quem pode racionalizar a ação instintiva dela. Estava ali, tentando resgatar seu marido, seus ideais, sua história e seu futuro. Naqueles miolos estilhaçados, estavam ideias e projetos que poderiam ter dado melhores rumos ao planeta. Jak amava aquele homem e tudo o que ele significava.
Mas claro que ninguém ia colar os cacos de massa encefálica e JFK voltaria a vida normal. Aquilo foi puro impulso, puro instinto.
Aquela imagem ficou na minha cabeça por todo o dia. E fui dormir sem entender porque aquele recording me acordou no meio da noite.
É um mistério os caminhos que o cerebro usa para se comunicar comigo. Mas hoje é exatamente assim que me sinto. Cada vez que tento estimular Guy, chamá-lo pra brincadeiras, tirá-lo de seus momentos contemplativos-autisticos e deixando muito dinheiro na conta dos terapeutas.
Sinto que estou remendando o cerebro de Guy, resgatando ideias e sonhos, conhecimentos e experiencias que ele ainda não viveu.
Guy tem uma 'chave geral' que não pode ser desligada, sob pena do sistema entrar em colapso total.
A estimulação tem que ser máxima e contínua.
E eu sou a Jaqueline Kenedy da vez, debruçada no capô, juntando fragmentos de um livro em branco pra que possa ser escrito.