segunda-feira, 22 de junho de 2009

A mata para nosso filho



Guy significa menino da floresta, é abreviação carinhosa para Guido, nome comum na Italia, vem do Teutônico Gwido, que significa bosque ou floresta.
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Pela primeira vez eu respirei aliviada ao ouvir uma notícia sobre a amazônia. Pelo menos 35 empresas já confirmaram ao Ministério Público Federal que deixarão de comprar gado ou derivados que tenham como origem os pastos recém-desmatados no Pará. Associar a pecuária ao desmatamento desenfreado na amazônia já é comum, todo mundo sabe que uma coisa leva a outra, agora nunca entendi porque as pessoas não associam a pecuária ao seu prato de comida. Ou será que você pensa que todo aquele gado é apenas pra consumo local?
Você acha os pecuaristas uns monstros, e devota toda sua esperança pela sobrevivência da amazônia na luta dos ecologistas e na utópica crença que um dia quem sabe os políticos façam alguma coisa. Agora olhe ao seu redor e identifique a amazônia na sua casa. O que tem aí de madeira? O último móvel que você comprou era de quê? E o que você comeu hoje?
Ser realmente um defensor da natureza é para poucos. Digo isso por mim. Outro dia passou um crente panfletando pela sua fé - ou para sua igreja - e eu -que adoooooooooooro crente!!! - dei uma de louca com ele, dizendo que aquele panfletinho tinha derrubado uma árvore e que se ele respeitasse a Deus deveria respeitar a natureza. Bem, ele ouviu pacientemente meu surto e olhou pra minha casa. " E a sua casa, é toda de madeira", disse ele.
Olha aqui seu ximbungo, eu não mandei construir essa casa. Se eu tivesse construido-a, seria bem diferente, mas ok!, um a zero pro crente .
O pior foi o caso da cômoda de Guy. Eu ia mandar fazer uma de bambuzinho, que é mais leve, mais barata e mais ecológica. Toda fechadinha, ia pintar de branco e spray verniz. Não seria eterna, mas tem mais a ver com o nosso contexto.
Mas Breno não! Tem que ser de madeira, que é melhor, dura mais, mais bonita, apresentável - e muito mais cara por sinal. Disse que queria o melhor pro filho dele.
Ora, hipócritas! o melhor para vossos filhos são as árvores vivas! Mas a árvore já está morta, argumentou. E se você comprar esta matarão outra pra por na loja. É tão simples, tão lógico, tão matemático.
Por isso respiro aliviada, até que enfim ouço uma ação real de bom senso em benefício da amazônia e do futuro dos nossos filhotes.
Ah! quanto à cômoda, não entramos num consenso. Eu não consigo suportar a idéia de uma comoda de madeira - moro no meio de uma mata atlântica em extinção. O impasse prevalece e as roupas de Guy estão entre as nossas.
E, para o crente: eu moro com meu filho numa casa de tijolo, cimento e madeira, no centro da cidade, mas é porque sou pobre. Se eu fosse rica, morariamos numa cabana isolada no meio da mata, na beira de um rio, com certeza!

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